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Capacitação e articulação da Cidadania garantem sala multissensorial para pessoas com TEA em Campo Grande

Entre o vai e vem dos passageiros, luzes, sons e anúncios apressados, o Aeroporto Internacional de Campo Grande agora abriga um espaço que desacelera. Pensada para acolher pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e suas famílias, a nova Sala Multissensorial oferece um ambiente seguro, calmo e afetuoso, quase como um abraço em meio à sala de embarque.

Mais do que uma estrutura física, a proposta da sala é transformar a experiência em algo mais tranquilo e humanizado. Céu estrelado, luzes suaves, nuvens e painéis sensoriais. O ambiente foi projetado para funcionar como área de descompressão, com equipamentos como simulador do uso de cinto de segurança, iluminação suave e estímulos táteis e visuais pensados para regular o estresse e proporcionar acolhimento. Para pessoas com TEA, que costumam ter hipersensibilidade a ruídos, luzes intensas e aglomerações, um aeroporto pode ser um desafio.

“A sala é o espaço visível, mas o que está por trás dela é ainda mais bonito, são pessoas que se prepararam para acolher, que aprenderam sobre o autismo, que entenderam que inclusão começa no olhar e no gesto”, destaca a subsecretária de Políticas Públicas para Pessoa com Deficiência, Malu Fernandes.

A entrega da sala multissensorial foi possível graças à capacitação e articulação promovidas pela Secretaria de Estado da Cidadania, por meio da Subsecretaria da Pessoa com Deficiência, ainda em 2024. À época, a equipe da pasta mapeou os serviços voltados às pessoas com deficiência em Mato Grosso do Sul, com o objetivo de alinhar o Estado às diretrizes do programa federal.

Subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, Malu Fernandes, destaca ainda que a abertura da sala não é um ponto de partida, mas sim a consolidação de uma série de ações articuladas.

“A mobilização começou muito antes, com diálogo, escuta, formações e construção conjunta. Em abril deste ano, por exemplo, realizamos oficinas e palestras para os funcionários da AENA, que atua na gestão do aeroporto. A ideia era justamente sensibilizá-los sobre o que é o autismo e como oferecer um atendimento humanizado. Inclusão de verdade é isso: preparar o ambiente e as pessoas”, completa.

O Programa TEA nos aeroportos brasileiros, iniciativa do Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR), em parceria com o Novo Programa Viver Sem Limites, do Governo Federal, e do Programa Asas Para Todos, da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), tem como objetivo transformar o transporte aéreo em uma escolha possível, viável e empática para as famílias neurodivergentes.

Além da criação das salas multissensoriais, o programa prevê a capacitação de profissionais do setor, a reavaliação humanizada de procedimentos e a conscientização de passageiros e colaboradores sobre o direito à inclusão.

Aqui em Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Estado da Cidadania não apenas acompanhou as etapas do Programa de Acolhimento ao Passageiro com TEA, como também promoveu oficinas, palestras e formações para as equipes que atuam diretamente com o público no aeroporto de Campo Grande.

“Queremos que a família TEA se sinta parte de tudo. Que as pessoas com autismo sejam vistas, respeitadas e acolhidas. O aeroporto pode ser um lugar de passagem, mas também pode ser um lugar de afeto”, reforça Malu Fernandes.

Inaugurada no último dia 18 de junho, com a presença do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do governador do Estado, Eduardo Riedel, e de diversas autoridades, a sala representa um marco simbólico no compromisso com a inclusão e acessibilidade e mostra como o trabalho em rede e o compromisso com a cidadania transformam realidades.

“A política pública só tem sentido quando chega na ponta e muda a vida das pessoas. E é isso que estamos fazendo, levando cidadania para todos, em todos os lugares”, completa Malu Fernandes.

Paula Maciulevicius, Comunicação da Cidadania
Fotos: Matheus Carvalho/Cidadania